Dia dos Pais! Como comemorar diferente?

Em breve estaremos comemorando o dia dos pais. Que significado tem essa data para nós?  Alguns já não têm o pai, seja porque ele faleceu, ou seja, por qualquer motivo de biografia.

Aqueles, que ainda tem possibilidades de celebrar com eles esse dia, muitas vezes não estão despidos de julgamentos ou recriminações para com seus pais, incluindo aqui, também a nossa mãe.

Temos muitas resistências para liberar nossos pais de nossa consciência moral, aquela parte de nosso EU que não aceita as imperfeições deles, que não os recebem e que não os aceitam tal qual eles são. Robotizamos nossos pais de acordo com as nossas idealizações do que seria esperável deles. Lamentavelmente, na Vida aquilo que rejeitamos nos pertence e encontraremos.

Abrirá como em espelho, que nos fará ver que, o que tanto rejeitamos em nossos pais estará em nós se recriando.  Aquilo que mais condenamos e desprezamos em nossos pais, se reproduzirá em nós?  Aparecerá em nossas relações, e especificamente em nossos vínculos mais importantes, parcerias e filhos?  Tais como: distanciamento, frieza, autoritarismo e omissão?

A famosa frase que nos atinge com dureza e nos chama a consciência: “Te pareces com teu pai”.  Sendo isso que estarás a se repetir em nós?  Aquilo que rejeito ou excluo, me assombra.  É assim que funciona!  Aquilo que nos trouxe sofrimento no vinculo com nossos pais, inconscientemente, repetirei nas minhas relações mais caras.

Que sentido tem esse mecanismo em nós? É ai que convido a todos a refletir mais profundamente nessa data.  Gostaria de refletir com vocês com um  “olhar sistêmico”.

Nossos pais, apesar de suas imperfeições humanas foram colocados pela Vida a realizar nossa concepção. Viemos trazidos pela força da união deles.  Tanto faz se eles permaneceram unidos por um instante ou por uma vida toda. Carregamos em nós cinquenta por cento da genética desse homem que foi nosso pai biológico. Se ele terceirizou a paternidade, e outro ocupou seu lugar, não podemos anular que estamos vinculados a ele em nosso DNA.

Carregamos em nós a genética física e também a sínteses da carga psíquica, as memórias dos ancestrais que o precederam.

Não podemos rejeitar essa carga, independente de nossos questionamentos a ela. A não aceitação nos condena a tentar fugir dela ou repeti-la. Ficamos presos na “não aceitação” dos cinquenta por cento da Força da Vida em nós. Portanto ficamos fracos.

Cabe aqui explicar que existe uma diferença entre relações e vínculos. Podemos não estar “relacionados” com nossos pais biológicos, mas estamos vinculados de nascimento aos nossos sistemas familiares.

Poderemos ter pais substituídos, que nos aportaram uma experiência boa de paternidade, mas, a carga da força da Vida que nos gerou está presente em nós.  Aceitar e tomar essa força, é o maior presente que podemos nos oferecer. É a real celebração da Vida!  E depende totalmente de nós.

Na rejeição, repetimos sem saber controlar.

Na aceitação de nossa origem, nos reconciliamos com essa força de Vida que nos gerou e nos tornamos mais fortes.

Um conceito quase mágico em relação a nossas origens: RECONCILIAÇÃO. Ao exercitar essa proposta, conseguimos acessar ao sentimento de “gratidão” por estar aqui e receber a VIDA e nossas ORIGENS tão qual aconteceram.

Uma profunda paz se instala em nosso interior. Unimos o que rejeitávamos e idealizávamos excluir de nós. Meu convite para aqueles que não estejam em PAZ com seus pais é esse: “Focalize o lado luz da força que ele (seu pai) e seu sistema (ancestrais), legaram a você e agradeça”. Ao lado sombra, que geralmente é doloroso, entregue a ele (seu pai), respeitando os destinos humanos e imperfeitos, reconhecendo a imperfeição em si mesmo.

Para ajudá-lo (a), nessa celebração da VIDA, transcrevo abaixo, passo a passo, um Exercício Sistêmico.  Ele pode ser feito independentemente do seu Pai existir ou de relacionar-se com você:

1. Escolha um lugar tranquilo para permanecer por, aproximadamente, por 5 minutos, que podem ser suficientes.

2. Se tiver uma fotografia de seu pai, olhe para ela durante uns segundos e aceite o que vier de sentimentos e pensamentos.

3. Respire profundamente enquanto faz o exercício.

4. Perceba seu corpo, as tensões e o fluxo, mantenha a atenção em ambos: sentimentos, pensamentos, respiração e corpo.

5. Feche os olhos e deixe vir até você a imagem de seu pai. Se não tiver foto, nem imagem, igualmente sinta a presença dele como um campo de energia ou força e memórias.

6. Sinta “o que faltou a ele?” Isto é importante, veja o seu pai pequeno, frente aos pais dele. Faltou-lhe: pai, mãe, carinho, suporte, contenção, cuidado.

7. Deixe-o receber o que lhe faltou e continue atento a sua respiração e corpo.

8. Quando essa “imagem” concluir deixe seu pai agora olhar para você.

9. Veja se você pode reconhecer e diga: pai, eu sou seu filho (a) e em certa forma sou igual a você. Eu agora vejo você e respeito seu destino. Eu recebo a força da Vida de você e farei algo bom na minha vida com essa força.

10. Sinta isso acalmando você por dentro.

11. E, mentalmente, gire-se 180 graus quando você sentir que é suficiente, dirigindo a sua vida ao futuro e deixando o passado para trás, deixando seu Pai como suporte nas suas costas.

12. Se tiver filhos, olhe para eles com amor e diga para eles: Dou a força da Vida a vocês com meu amor resgatado pelo meu pai, agora no meu coração. O passado já ficou para trás!

13. Se não tiver filhos, coloque no lugar deles as suas realizações na vida, afetiva com seu masculino mais curado, seu profissional nas suas criações e negócios.

Tomar a força que nos vem do pai é poder estar na realização no mundo, no sucesso em nossa vida e em nossa profissão.

Independentemente da personalidade do seu pai, a Vida que ele lhe deu é um maravilhoso presente a ser tomado!

Essa é a melhor celebração!

Bom trabalho para aqueles que se animem a fazê-lo!

 

Graciela Rozenthal